Olá pessoal, precisei vir aqui correndo para falar com vocês, pois eu aproveitei esse feriadão para adiantar algumas leituras, e uma delas (que acabei agorinha) foi um dos lançamentos da Fábrica 231, selo da editora Rocco: Lucas e Nicolas.
Lucas e Nicolas é o romance de estreia do autor paulista Gabriel Spits. Somente nisso já temos duas coisas: livro de estreia e autor nacional, eu já tive ótimas experiências com livros de estreia de autores, mas sempre é um terreno desconhecido em que pretendemos entrar com livros de estreia, haha. Já com a questão do autor nacional, eu não tive tão boas experiências, mas Lucas e Nicolas foi um caso incomum. Fiquei sabendo sobre quando mediei o evento da Fanáticos Rocco aqui em Manaus e ele me deixou curioso. Sou um fã de livros com temática Gay e, sabe, uma hora os livros do David Levithan já lançados acabam, rsrs. Com o conhecimento deste curioso livro, a pitada de ele ser nacional, e eu poder ver como alguém poderia retratar este tema aqui em nosso país, instigou mais ainda a leitura. Foi pedido certo, esperei chegar o meu exemplar e assim que chegou eu o iniciei.
Lucas e Nicolas
Gabriel Spits
R$ 22,40 até R$ 29,50
Ano: 2016 / Páginas: 272
Idioma: português
Editora: Fábrica 231
“Aparentemente, eles têm pouco em comum: Lucas não tem talento para o esporte, mas é um gênio na escola. Sua vida social é nula, mas nas redes sociais se vira bem; Nicolas é o fortão da turma, bonito, popular. Suas notas são vergonhosas, mas nos esportes ele se destaca. Suas dúvidas irão uni-los; suas certezas podem ser desastrosas. Em seu romance de estreia, o paulista Gabriel Spits pinta um retrato honesto, cativante e bem-humorado da adolescência nos dias de hoje. Lucas e Nicolas é um romance sobre amizade e homossexualidade, amor e descobertas na fase mais conturbada da vida. Perfeito para fãs de Will & Will, de John Green, e dos livros de David Levithan, entre outros romances do segmento young adult.”
O livro acontece em uma cidade do interior de São Paulo, o que é algo que já trás esse tema para uma realidade mais próxima de nós brasileiros do que os já conhecidos livros estrangeiros de mesmo tema. Com suas 272 páginas, o livro é muito cativante. Mas vamos por partes, pois o livro é dividido em quatro delas: as partes abrangem os pontos de vistas dos personagens, o que o faz bem mais interessante, já que podemos ver que muitas vezes as coisas não são o que aparentam ser. Temos a parte do Lucas, a do Nicolas, a do Lucas e Nicolas e a do Lucas, Nicolas, Matheus e Laís.
Começamos o livro conhecendo o Lucas, que é uma pessoa cheia de amigos… no facebook. Muitos likes e comentários, amigos apenas online e pessoas de outras cidades e estados, até mesmo sua ex-namorada de outro país! Um de seus amigos mais próximos é Matheus, que mora na capital e vive chamando Lucas para ir à São Paulo para se conhecerem; é com Matheus que Lucas mais conversa. Sim, mas na sua vida real, fora da internet, Lucas não tem nenhum amigo, não é como os outros jovens de sua turma, é considerado CDF e usa uma franja, apenas isso já basta para ser taxado de o gayzinho da escola. Taí algo que já é comum em nossa realidade. Lucas não dá pinta de gay, não só por que não tem jeito de gay, mas também tentando evitar certas coisas como ouvir um rock quando está na rua enquanto gosta mesmo é de Lady Gaga. Lucas sofre muito bullying tanto na escola quanto nas ruas, no caminho para casa, por exemplo, outros alunos ficam gritando coisas ofensivas enquanto ele passa. Para completar chega na escola um aluno novo, o Nicolas. Vindo da capital São Paulo e faixa preta em caratê (marrom na verdade), alto, forte e loiro, Lucas vê que Nicolas é o tipo boy magia mesmo, mas que não passa de um machão cabeça oca.
É aí que entramos nos capítulos de Nicolas. Nicolas não estava indo bem na escola quando morava na capital, por isso teve de se mudar para essa nova cidade e viver com o seu pai. Podemos ver como Nicolas na verdade está lidando com toda essa mudança, cidade nova, sem amigos, com um pai divorciado e alcoólatra, Nicolas tem que mostrar que é forte e independente, que pode ajudar o pai em casa, ir bem nas aulas e se dedicar ao esporte no qual quer seguir carreira. Ele teve de aprender a se defender sozinho, deixar de ser alvo dos valentões e acabou tomando para si a imagem de valentão para justamente se proteger dos mesmos. Vai logo se tornando popular na escola, todos querem ser amigos de Nicolas e todas as garotas querem ficar com ele.
Os caminhos de Lucas e Nicolas começam a se cruzar quando Nicolas precisa de aulas de reforço e o coordenador da escola designa Lucas para ajudá-lo com duas aulas por semana para revisar o assunto na casa de Lucas. Com isso eles vão começar a se conhecer e se desentender mais ainda.
É na ultima parte que os dois personagens coadjuvantes, Matheus e Laís, ganham mais destaque. O destino os coloca juntos em uma aventura bem divertida e sem noção. Matheus, que veio da capital para visitar Lucas e Laís, que tenta encontrar um grupo onde se encaixe.
“Existe felicidade off-line, afinal”
É incrível como o livro retrata bem o bullying que jovens gays sofrem em nossa realidade atual, que bem aos pouquinhos vem sendo mudada. É um livro que não trata de dúvidas sobre quem você é, e sim sobre as certezas e as consequências que elas podem tomar. Uma leitura ótima e leve que retrata a dura realidade, Lucas e Nicolas cativa e emociona. Não diria que desejo uma continuação, gostei do final e acredito que a história deles foi contada. Se fosse para pedir algo eu iria gostar muito era de conhecer a história de Matheus e de Laís, pois mesmo sendo personagens que pouco aparecem são personagens bastante carismáticos, Matheus com suas gírias gays que tornam tudo mais divertido e Laís com suas certezas e determinações e seu olhar mais critico.
Com isso fica essa dica aí para vocês de leitura, abraços e até a próxima!
Roh